Adoção, a hora certa de falar
Medo de perder a proximidade pode levar os pais à omissão; ideal é tratar o assunto com naturalidade e de forma afetuosa para evitar frustrações, afirma especialista
Adotar uma criança é um ato de amor. Disso, ninguém duvida. A única confusão que pode agitar a cabeça dos pais adotivos é o momento certo de contar a verdade ao filho. Afinal, como tratar de um assunto tão complexo sem deixar o pequeno, no mínimo, curioso sobre o seu passado? De que forma abordar a questão e com quantos anos ele já será capaz de compreender que precisava de um lar e a família, de um bebê para amar? Não existe a hora certa para abrir o jogo, o ideal é contar a verdade o quanto antes, ainda na infância, defende o psiquiatra Nelson Goldenstein, do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Especializado em reconhecer jovens com afastamento social, o médico reforça que, apesar do medo de como o filho vai se comportar diante da situação, esconder a sua história não é saudável. “Em geral, o melhor caminho para um bom relacionamento e maior desenvolvimento da formação da personalidade e da educação, é a comunicação direta e livre”, garante Goldenstein. Na avaliação do médico, os pais devem agir com sinceridade, independentemente da idade que o pequeno tinha quando passou a dividir o mesmo lar. “Quando a adoção é mais tardia, as evidências e a memória nem sequer permitem a omissão”, pondera. Apesar da tranquilidade com a qual o profissional trata o assunto, adoção é um tema difícil de ser abordado com uma criança. As dúvidas da mãe e do pai sobre quando e como falar que não são biológicos, mas de coração, fazem muitos deles protelarem a conversa. Um comportamento inadequado, na opinião do especialista. Segundo o psiquiatra, não é necessário, muito menos aconselhável, fugir da situação. Basta adotar uma linguagem acolhedora e honesta. “No tom da verdade afetuosa, sem pieguices. Sempre