Adolescência
Adolescência significa período de crescer, de desenvolver-se. Está implícito no significado que é um período conflitivo ou de crise, um processo de mudança. Françoise Dolto descreve este período como um purgatório, similar ao sofrimento do parto, de um segundo nascimento psicológico. Já Jerónimo de Moragas adota um critério interessante no que se refere à distinção entre puberdade e adolescência: considera que, embora intimamente relacionados, os dois processos não devem ser identificados, pois não são exatamente simultâneos e em alguns aspectos são independentes por completo.
Moragas afirma que a puberdade, entendida como uma mudança radical das estruturas bioquímicas e morfológicas do soma – organismo considerado como expressão material, em oposição às funções psíquicas – é precedida, acompanhada ou seguida de um período adolescente. Se, devido a transtornos somáticos, a puberdade não ocorrer, ou ocorrer de forma muito atenuada, nem por isso a adolescência deixará de se manifestar no individuo.
Ser adolescente é estar no mundo de outra maneira. A atitude do adolescente diante da família, do estudo, dos amigos é diferente. A mudança da adolescência pode ser lenta ou repentina, pode variar no ritmo quanto na intensidade, embora exija seu próprio tempo para ser concluída de modo feliz.
Podemos concluir que a adolescência não pode ser descrita como uma simples adaptação de transformações corporais, mas sim como um período decisivo no ciclo vital, no qual a pessoa atinge a autonomia psicológica e insere-se no mundo social sem a mediação da família.
Contribuições teóricas para a compreensão da adolescência
W. Stanley Hall (1844 – 1924), um dos primeiros pesquisadores da adolescência, chama esse período de “segundo nascimento”, pois é nesse período que se manifestam os traços mais desenvolvidos e essencialmente humanos. Seguidor da teoria darwinista da evolução, Stanley desenvolveu a hipótese de recapitulação do desenvolvimento humano. Afirmou