Administração
João Alves de Oliveira
Museu Nacional do Rio de Janeiro
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André Pessoa
Tamanduá-mirim
INTRODUÇÃO
O termo caatinga define um dos tipos de vegetação xeromórfica do semiárido brasileiro, particularmente aquele que recobre o substrato cristalino exposto dos estados nordestinos e do norte de
Minas Gerais. Por extensão, esse termo define o domínio morfoclimático correspondente ao complexo de vegetação do semi-árido nordestino já identificado por Martius como Hamadryades (Coimbra-Filho & Câmara
1996).
Estudos realizados até o presente sobre os mamíferos da Caatinga têm revelado uma mastofauna relativamente depauperada, e uma baixa incidência de endemismos (Mares et al. 1981, 1985).
Essas constatações têm contribuído para a hipótese de que a maior parte das áreas de caatinga registradas na atualidade seja relativamente recente em formação, e possivelmente derivada de pequenos refúgios durante períodos mésicos do
Pleistoceno, quando as florestas tropicais ter-se-iam expandido consideravelmente
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através do Nordeste do Brasil (Sarmiento
1975).
Duas grandes coleções constituem a base do conhecimento sobre a diversidade de mamíferos deste bioma. No
Museu Nacional (UFRJ) estão depositados cerca de 60 mil espécimes de pequenos mamíferos não voadores obtidos pelo extinto Serviço Nacional da Peste (SNP) entre 1952 e 1955 (Freitas 1957), em aproximadamente 40 dos então 187 municípios do polígono das secas. Além disso, importantes séries de quirópteros e pequenos mamíferos não-voadores foram obtidas pelo projeto Ecology, evolution and zoogeography of mammals, por pesquisadores do Carnegie Museum of
Natural History, entre 1975 e 1978, na
Chapada do Araripe (6.576 espécimes), distribuídos entre aquele museu e o Museu de Zoologia da USP. Dos estudos decorrentes desse projeto, o inventário mais recente