Administração
Ezio percebeu que ela usava um capacete e trazia no ombro uma coruja. Abaixou a cabeça. — Saudações, profeta — disse a deusa. — Tenho esperado por você há dez milhões de estações.
Ezio não se atreveu a olhá-la.
— Que bom que você veio — continuou a Visão. — E trouxe a Maçã.
Deixe-me vê-la.
Humildemente Ezio a entregou.
— Ah. — A mão dela acariciou o ar sobre a Maçã, mas não a tocou.
O objeto cintilava e pulsava. Os olhos da deusa atravessaram Ezio. —
Precisamos conversar. — Ela inclinou a cabeça, como se estivesse refle tindo sobre alguma coisa, e Ezio achou ter visto um traço de sorriso no seu rosto iridescente.
— Quem é você? — ousou perguntar.
Ela suspirou.
— Ah... tenho muitos nomes... Quando morri, era Minerva. An tes disso, Merva e Mera... e muito antes ainda no tempo... Olhe! — Ela apontou para a fila de sarcófagos pela qual Ezio havia passado. Agora, ao apontá-los um a um, eles brilharam com o cintilar fraco do luar. — E minha família... Juno, que antes era chamada de Uni... Júpiter, que antes era chamado de Tinia...
Ezio estava transfigurado:
— Vocês são os deuses antigos...
Ele ouviu um som como o de vidro se quebrando à distância ou como o som que faria uma estrela caindo: era a risada dela.
— Não, não deuses. Simplesmente viemos... antes. Mesmo na época em que caminhamos pelo mundo, sua gente lutava para entendernossa existência. Éramos mais... avançados no tempo... A mente de vocês ainda não estava preparada para nós...
— Ela fez uma pausa.
— Talvez ainda não esteja... Talvez jamais venha a estar. Porém, isso não importa.
— A voz dela se endureceu Ínfimamente. — Mas, embora vocês talvez não nos compreendam, precisam compreender nosso aviso...
A voz dela se perdeu no silêncio. Naquele silêncio, Ezio disse:
— Nada do que você está dizendo faz