Administração
CASTOR, Belmiro Valverde Jobim. O Brasil não é para amadores: estado, governo e burocracia na terra do jeitinho [livro]. São Paulo: Editora Travessia, 2000.
Quem Herda não Furta Quem herda não furta, esse é o capítulo segundo do livro "O Brasil não é para amadores", de Belmiro Valverde Jobim Castor, que trata de relembrar as bases da formação nacional brasileira e suas características, herdada dos portugueses durante os três séculos de colonização. As heranças apontadas são: o respeito reverencial pelo Estado e o fascínio da proximidade do poder; o imediatismo; a improvisação; e uma posição ambivalente frente ao lucro e ao sucesso. O respeito reverencial pelo Estado começa em Portugal, após a queda do Império Romano do Ocidente, pelo processo de esfacelamento das terras da península ibérica em feudos. Alguns grandes senhores de terras sobrepuseram-se aos demais e estabeleceram monarquias, subjugando-os as suas leis. Em Portugal, os monarcas estabilizaram seu regime, oferecendo aos seus potenciais opositores vantagens e honrarias, evitando embates, criando o que Faoro chamou de "estamento burocrático", formado por pessoas, muitas vezes sem posse de terras, mas próximas ao rei. A proximidade do poder era determinante para o sucesso e prestígio dos membros do estamento. Isso veio para o Brasil na bagagem da corte Portuguesa em 1808, instalando-se aqui como traço cultural dominante. Essa dependência em relação ao Estado continua nos dias de hoje a influenciar a cultura empresarial e administrativa brasileira, embora a sociedade já esteja desenvolvendo suas próprias capacidades, resolvendo seus problemas sem intervenção do Estado. A origem da característica imediatista e da falta de preocupação com o longo prazo e com o meio-ambiente são reflexos do período em que as terras brasileiras foram intensamente exploradas por Portugal, sem nenhuma preocupação com o futuro do país. O pensamento do rei em relação ao Brasil, assim como aconteceu no Oriente, foi