Administração pública
O intuito deste artigo é balizar até que ponto a burocracia torna-se excesso, e até onde ela se faz necessária para o bom andamento da organização. Neste contexto, suas disfunções serão abordadas e no que elas próprias se transformaram.
Débora Carvalho, 24 de abril de 2010 * * * * inShare * *
1. Introdução
A burocracia foi formalizada por Max Weber (1864-1920). Parte do princípio de que o traço mais relevante da sociedade ocidental no século XX era o agrupamento social em organizações, com cargos formalmente bem definidos, ordem hierárquica com linhas de autoridade e responsabilidades bem delimitadas. Surge dentro desta linha de pensamento o modelo ideal de organização, que tem como princípio a máxima eficiência e previsibilidade. Weber (1998, p.145) define a burocracia como sendo:
A forma mais racional de exercício de dominação, porque nela se alcança tecnicamente o máximo de rendimento em virtude de precisão, continuidade, disciplina, rigor, confiabilidade, intensidade, extensibilidade dos serviços e aplicabilidade formalmente universal a todas as espécies de tarefas [...] Toda nossa vida cotidiana está encaixada nesse quadro.
A burocracia foi desenvolvida para ser um tipo ideal de sistema, e é vista como fator de disparidade social e empecilho para agilidade de processos devido ao excesso de formalismo e despersonalização. Na defesa do tipo ideal weberiano de burocracia, temos que:
Na burocracia, "[...] rege o princípio de áreas de jurisdição fixas e oficiais [...]", hierarquicamente ordenadas, cujo desempenho segue regras gerais, mais ou menos estáveis e que podem ser aprendidas. A atividade burocrática pressupõe um treinamento especializado e a plena capacidade de trabalho do funcionário. Tal atividade se baseia ou se cristaliza em documentos escritos (WEBER, 1971, p. 229-231).
Gouldner apud Maximiano (2000, p. 97) critica a rigidez e a