Administracao
BUROCRACIA E A REVOLUÇÃO GERENCIAL — A
PERSISTÊNCIA DA DICOTOMIA ENTRE POLÍTICA E
ADMINISTRAÇÃO—
Prof. Humberto Falcão Martins
Mestre em Administração Pública pela
FGV/EBAP. Integrante da carreira de
Especialista em Políticas Públicas e Gestão
Governamental. Professor-colaborador da
FGV/EBAP-Brasília.
“Escrever sobre burocracia é denúncia e esperança. [...]Se precisamos entender a burocracia, precisamos também aprender a superá-la.”
(BRESSER-PEREIRA & PRESTES-MOTTA, 1980)
Este ensaio trata essencialmente da integração entre política e administração, atributo presente, desde os clássicos gregos, no ideal do bom governo e questão central nas discussões contemporâneas sobre a boa governança. Pretendo, neste ensaio, analisar este atributo no contexto mutante da burocracia contemporânea, que tende a incorporar formas de organização e gestão pública oriundas da chamada “revolução gerencial”.
O texto está estruturado em cinco segmentos. Nos dois primeiros segmentos busco delinear uma interpretação weberiana do problema central da burocracia: a dicotomização entre política e administração. Este delineamento baseia-se numa problematização mais genérica, no contexto teórico da governança contemporânea, e noutra mais específica, no contexto da modernização da administração pública brasileira. Especificamente no primeiro segmento proponho um quadro conceitual que visa a servir de referência à análise da integração entre política e administração. No terceiro segmento, procuro desenvolver uma caracterização da forma básica de integração entre política e administração de um modelo (ideal) de administração pública preconizado pela revolução gerencial, a partir de outros paradigmas de
administração pública reconstituidos da literatura de administração pública: um ortodoxo, um liberal, outro empreendedor. No quarto segmento argumento que os modelos de administração pública