Adam Smith Primeira Aula
O risco de ler Smith é que ele é aparentemente fácil. Mas não é fácil porque há uma série de dificuldades no texto que na hora em que aparece a gente percebe que o texto tem umas encrencas que precisam ser destrinchadas. Ricardo é diferente, porque, quando você lê, a maneira como ele coloca já é uma trombada. Já Smith engana, porque parte das dificuldades foram sendo identificadas e apontadas por outros autores, como Ricardo e Marx. Agora, A Riqueza das Nações é um texto seminal, que nenhum economista pode passar sem ler.
Tem o livro 1, onde a gente vai discutir o valor do trabalho, preço natural, o que é valor. E tem o livro dois, onde a gente vai tratar a questão do capital. A riqueza das Nações são cinco livros.
A encrenca está na teoria do valor e nós vamos começar a olhar o que Smith diz sobre a divisão do trabalho. Se vocês leram o texto do Marx e depois lerem Smith vão se dar conta de que os dois falam da mesma coisa. Marx está dizendo que na economia, a sociedade para se reproduzir precisa de uma base técnica que dá suporte. Uma das condições fundamentais, que determina a configuração da economia e da sociedade, porque a gente não produz isoladamente, mas em relação com outras pessoas. Marx está falando das relações de produções e o fundamental nessa questão é a divisão do trabalho. Nesse aspecto, Marx é herdeiro direto de Smith.
Vocês vão ver que Marx, Ricardo, Mill formam uma linha. Marx, que é tão original, tem o materialismo dialético e tal (sim, ele tem particularidades, e enxerga um pouco diferente), mas não é uma teoria que brotou do nada. Pensem que a gente vai passar pela escola clássica. A gente vai levando à frente algumas questões que Smith trata e q vão ser tratadas por Marx e Ricardo.
Quando eu disse que os clássicos estavam interessados em excedente, capital, valor, o que eu descrevi é a agenda de pesquisa desses clássicos. Quão satisfatória foi a resposta para essas questões depende de nossa avaliação, mas a