Acídia
A preguiça entrou na lista dos sete pecados capitais através do novo catecismo. Considerada, tal como ela é, não é e nem pode ser um pecado capital. Para ser considerada um pecado capital, ela deveria gerar outros pecados, mas é um pecado onde não existe ação. Deste modo, não pode gerar vícios, pode sim ser efeito de outros pecados, mas nunca causa. E só pode ser considerada um pecado capital em relação à filosofia da ação que predominou nos ambientes modernistas católicos do século passado.
O pecado capital que lhe cedeu lugar, chama-se acídia, aversão aos bens e a vida espiritual. A Acídia e suas filhas, são assim definidas pelo Prof. Jean Lauand:
"A primeira das filhas da acídia é o desespero. Este ponto foi especialmente analisado por Pieper (a quem sigo de perto neste parágrafo), que liga diretamente o desespero à outra filha da acídia: a pusilanimidade: paralisado pela vertigem, pelo medo das alturas espirituais e existenciais a que Deus o chama, a acídia não encontra ânimo nem vontade de ser tão grande como realmente está chamado a ser; abdica do "torna-te o que és", a famosa sentença com que Píndaro resume toda ética, que, como a de Tomás, está centrada no ser. Quando passamos ao plano da graça, a acídia é uma "tristitia de bono spirituali inquantum est bonum divinum" (II-II 35, 3), um aborrecer-se de que Deus o tenha elevado ao plano da filiação divina, à participação em sua própria vida íntima. Queimado por essa tristeza - existencialmente suicida - e movido pela queimadura de sua acidez, surge a evagatio mentis, a dispersão de quem renunciou a seu centro interior e, portanto, entrega-se à importunitas: abandonar a torre do espírito, para derramar-se no variado, buscando afogar a sede na água salgada das compensações e prazeres de uma atividade desenfreada: num falatório inócuo (verbositas), o agitar-se, o mover-se (instabilitas), a incapacidade de concentrar-se em um propósito (instabilitas) e a um afã desordenado de