acumulação
Embora exista uma produção que não se vinculou institucionalmente à área da saúde (medicina, enfermagem, saúde pública) produzida nos departamentos de ciências sociais e humanas, pode-se afirmar que sua maior concentração está vinculada aos cursos na área da saúde. O im- pulso para que isso ocorresse foi fruto de um conjunto de fatores: a abertura dos cursos de pós-graduação em medicina social/saúde públi- ca a partir dos anos 70, o financiamento de pesquisas sob a rubrica de saúde coletiva, especialmente Finep/CNPq — Programa de Saúde Co- letiva, 1982, quando se classificam como áreas temáticas as seguintes: as condições de saúde e determinantes do processo saúde-doença (con- dições de vida e saúde; condições de trabalho e saúde); as políticas, organização dos serviços e tecnologias de saúde; a infra-estrutura cien- tífico-tecnológica em saúde. Além dessas condições estruturais, ocorre um adensamento das preocupações teóricas que estavam sendo traba- lhadas a partir da segunda metade dos anos 70 e que nos anos 80 irão, também, caracterizar-se pelo caráter crítico (crítica às abordagens macro- estruturais, Bodstein, 1992); pela elaboração dos primeiros estudos es- tritamente metodológicos, destacando-se as metodologias qualitativas
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(Minayo, 2006); estudos sobre o estado da arte (Nunes, 1985; 2006,
Burlandy & Bodstein, 1998).
Verifica-se, dessa forma, que as ciências sociais e humanas firmam- se no cenário científico, e como escrevia a socióloga Regina Bodstein
(1992), “o que se coloca como central na discussão sociológica hoje segue, em muito, a tradição weberiana de resgatar a explicação dos processos sociais pela dupla via: a partir do aspecto exterior, para além da intenção dos agentes sociais, sem com isso abandonar a dimensão da participação humana na formação e transformação das relações e instituições sociais”.