acucareira
Fernanda acompanhou a jornada de trabalho e entrevistou 39 cortadores de cana e 16 operadores de máquinas de uma grande usina no interior de São Paulo. No corte manual, os trabalhadores cumprem uma jornada de 8 horas diárias (das 7h às 15h20), com folga de um dia após cinco trabalhados. "Como eles são pagos apenas se cumprirem as metas diárias de corte, calculadas em toneladas, o ritmo de trabalho é muito acelerado, gerando inúmeros problemas osteomusculares, respiratórios e acidentes de trabalho", conta.
Esforço excessivo e má postura
O esforço excessivo e os movimentos muito bruscos, além da postura inadequada durante o corte geram câimbras e dores musculares. "Como os trabalhadores se abaixam muito, surgem problemas de coluna", aponta Fernanda. A poeira e fuligem decorrentes da queima da cana provocam alergias e infecções respiratórias, quase sempre crônicas. Os acidentes de trabalho mais comuns envolvem cortes com o facão nas mãos, antebraços, pés e pernas. Também acontecem ataques de animais peçonhentos, especialmente cobras.
Sem condições de higiene
A maioria dos cortadores são migrantes nordestinos, que vivem em residências com péssimas condições de higiene. "A alimentação se resume a arroz, feijão, farinha e macarrão, sem carnes ou verduras", descreve a pesquisadora. Problemas de saúde são atendidos apenas nos postos e hospitais públicos das cidades próximas. Apesar do registro em carteira, há dificuldade para receber auxílios por invalidez. "Os cortadores são jovens, quase todos homens, mas o trabalho