Acessibilidade
Flávia Boni Licht: O uso da expressão acessibilidade ao meio físico e o seu entendimento como um abrangente fator de inclusão social - e, portanto, uma necessidade de todos - é algo relativamente novo no Brasil. Uma prova disso? Há poucos anos, estive conversando sobre acessibilidade e turismo com empresários ligados à hotelaria. Lembro sempre de uma das respostas que ouvi naquela ocasião: "Acessibilidade? Devo, então, reduzir o preço das diárias do meu hotel?". Diferente daqui, em vários países que lutam, há mais tempo, por uma arquitetura livre de barreiras, o conceito de acessibilidade já está mais absorvido, inclusive pelos profissionais que se dedicam a projetar e a edificar espaços para o viver de todos os seres humanos, os arquitetos. Porém, entre nós, ainda existe a necessidade de discutir e revisar alguns (pre)conceitos. Quando falamos em integração e inclusão, por exemplo. Na primeira palavra - integração - a ênfase está na diferença, a deficiência centra-se no indivíduo e o que se pensa é que ‘apenas' para esses indivíduos com deficiência há a necessidade de serem realizadas adaptações; já na inclusão, o foco é a diversidade, a deficiência passa a ser entendida como resultado da relação do indivíduo com o meio ambiente e todos os espaços, objetos, veículos e formas de comunicação passam a ser pensados para que sejam desfrutados e utilizados por todos, independente de idade ou condição física.
Dessa forma, a acessibilidade converte-se no pensar dirigido à diversidade humana visando a possibilidade e o direito de todos - inclusive daqueles com restrições permanentes ou temporárias na sua mobilidade ou na percepção visual, auditiva ou cognitiva - de compreender um espaço, integrar-se nele, comunicar-se com os seus conteúdos com autonomia e independência. Ao assumir esse conceito, a deficiência transforma-se numa construção social, que se estrutura diariamente nas relações entre as