Acessibilidade em meio a comunicação televisiva.
Lourdes Lima dos Santos. Como ela, muitos são os autores que se deram conta das grandes mutações do fenómeno cultural ao longo dos últimos anos.
Sociólogos, antropólogos, teóricos sociais, cientistas sociais das mais diversas especialidades, constataram a dificuldade em realizar uma análise separada dos conceitos - cultivada e popular - nas suas determinações histórico-sociais, graças à banalização associada à cultura de massas e indústria cultural e a sua crescente mediatização.
De facto, chegámos à situação singular de uma cultura de massas em cujo âmbito um proletário consome modelos culturais burgueses considerando-os uma sua expressão autónoma (cultura popular); e uma cultura burguesa - no sentido de que a cultura "superior" ainda é considerada a cultura da sociedade burguesa dos últimos três séculos - que identifica na cultura de massas uma "subcultura" que não lhe pertence, sem se aperceber qua as matrizes da cultura de massas são ainda as da cultura "superior". Além disso, o problema da cultura de massas é, sem dúvida, ser manobrado por grupos económicos com fins lucrativos, sem que se verifique uma intervenção maciça dos homens de cultura na produção.
O conflito está lançado, o entrelaçamento entre as três noções de cultura é profundo e irreversível. Resta-nos, como esta autora aqui citada, questionar estas noções e tematizar as muitas alterações que esta sociedade, cada vez mais mediatizada com novas formas de comunicação, virá ainda a produzir no fenômeno