ACERCA DA CAUSA
Hudson Ribeiro
O belo...
A disposição harmônica das formas
Enleva-nos sem destino
Como barco sem rumo
Segue o curso tranquilo
Sentimos a força da coisa
Que brota do belo disposto
Na obra de arte
Em um instante sublime
Compreendemos toda sua trajetória.
A presente reflexão tecerá algum caminho de resposta atendendo à provocação da pergunta acerca do belo. Desde já ressaltamos que o texto não tratará da beleza em si, por esta se tratar de algo apenas compreendido, mas não traduzível em linguagem.
Outra observação pertinente diz respeito a como trataremos o feio, não como uma antítese do belo, mas apenas como o belo em seus vários graus de perfeição referenciado pela harmonia das formas, das cores e dos sons. De modo, que aqui, o feio é concebido analogamente como o frio térmico, uma ausência maior ou menor de calor.
Pois bem, logo acima indicamos uma relação entre o belo e a harmonia, de fato, as formas de todas as coisas possuem o poder de afetar os nossos órgãos visuais e auditivos, repercutindo em nosso íntimo, o reconhecimento do belo. Quando os nossos sentidos não reconhecem a harmonia presente nas formas expostas, então, julgamos tal disposição de formas, feia.
No campo artístico isso é mais evidenciado, devido à proposta da obra de arte ser essa mesmo, expor-se ao julgamento público para ser avaliada como feia ou bela. Na antiga Grécia o belo conjugava-se com a bondade e a benignidade. Na Idade Média, sob o direcionamento da igreja isso se tornou norma, instaurando dessa forma a moralização da arte.
Historicamente, o debate da arte como assunto filosófico ganhou ressonância acadêmica com a reflexão kantiana, que defendia a existência do belo em si,segundo ele existe uma disposição de formas tal, que nos afeta sem se apoiar em qualquer outro tipo de intermédio, a não ser nela mesma.
Na Grécia Clássica, Platão, foi um severo crítico da arte, sendo coerente com o seu mundo ideal, onde todas as