Caso: K., 42 anos, compareceu ao atendimento psicológico, pois abusou sexualmente da enteada C., a primeira vez quando ela tinha 9 anos, e perdurou até ela completar 12 anos de idade. C. revelou o abuso à mãe B., recentemente, aos 17 anos, e logo começou a freqüentar psicoterapia. A mãe B. também procurou um psicólogo para si e para o marido K., que concordou em participar das sessões. Em relação ao abuso sexual, K. relatou que nunca houve penetração, que acontecia quando B. estava dormindo e C. pedia para dormir na cama com o casal. Ao perceber que B. dormia, K. introduzia o dedo na vagina da enteada e tocava seus seios. K. assumiu que iniciou a enteada na sexualidade com os toques, que foi tudo um deslize e que só aconteceu porque C. sempre foi precoce (menina com corpo de mulher), carinhosa e que, frequentemente, dormia na cama dos pais até os 13 anos de idade. Verbalizou que sentiu-se seduzido e afirmou que o abuso aconteceu apenas com a enteada e não com outras crianças. K. relatou que se sentia carente emocionalmente em relação a sua esposa B. e que existiam muitas discussões entre eles. Sentia-se cobrado e chateado. B. exigia atenção, sexo e que ele seguisse a religião dela. A relação conjugal sempre foi conturbada, desde os tempos de namoro, quando o sogro pressionava K. para se casar com B. revelando que B. tinha uma família muito protetora e que deixava K. acuado para tomar decisões. Percebia muitas diferenças entre ele e a mulher no campo intelectual, nas perspectivas de vida, nos planos futuros e na forma de conduzir o relacionamento. K. já tentou romper o relacionamento com B., mas confessa que tem pena da mulher que já tentou se matar ao ver a possibilidade de perder o marido. K. relatou que, primeiro, vai esperar B. se estruturar financeiramente para depois tentar um processo de separação novamente. Antes de se casar com B., K. estava separado há apenas 4 meses da primeira mulher com quem afirma ter vivido sua única paixão, tinha afinidade