ABORDAGEM DE KEYNES 1
Na introdução da edição francesa da Teoria Geral, de 1939, Keynes centrou-se na Lei de Say como sendo a questão central da macroeconomia.
Creio que, até uma época recente, a ciência econômica em todos os lugares tem sido dominada pelas doutrinas associadas ao nome de J.-B. Say. É verdade que sua "lei dos mercados" já foi há muito abandonada pela maioria dos economistas; porém, eles próprios ainda não libertaram das suposições básicas criadas por Say, particularmente de sua falácia de que a demanda é criada pela oferta. No entanto, uma teoria baseada nesta suposição é claramente incapaz de atacar os problemas do desemprego e dos ciclos econômicos.
Kates afirma que Keynes interpretou de forma errada a Lei de Say, porque ao destacar que a lei diz que "a oferta cria sua própria demanda", ele na realidade sugeriu que o objetivo de Say era dizer que qualquer coisa que for produzida será automaticamente comprada. Logo, a Lei de Say não pode explicar os ciclos econômicos.
Keynes foi adiante e declarou que a Lei de Say "pressupõe pleno emprego". Outros keynesianos cometem este erro até hoje, embora nada possa estar mais longe da verdade. As condições do desemprego não proíbem a produção e nem as vendas, ambas as quais formam a base do aumento da renda e do aumento da demanda.
Ademais, a Lei de Say serviu especificamente de base para a teoria clássica dos ciclos econômicos e do desemprego. Como declarou Kates, "A posição dos economistas clássicos era a de que o desemprego involuntário não somente era possível, como na realidade ocorria