Abdias Nascimento
Jornalista, teatrólogo, escritor, cineasta, artista plástico, senador, militou na mesma causa: construir um país realmente multiracial com a derrubada, de fato, de todas as barreiras que impedem a ascensão dos negros no Brasil.
Foi preso, enquadrado na Lei de Segurança Nacional, viveu no exílio por 10 anos, sem ter nunca integrado qualquer partido clandestino de combate à ditadura. Tudo o que fez foi combater o racismo.
Era uma forma de mostrar que esse tema sempre foi tratado como inconveniente. Na ditadura, era proibido. Isso era subversivo o suficiente para os ditadores da época. Hoje ainda é delicado e difícil. Sua vida foi dedicada a tratar desse assunto intratável.
Um país que finge não ver as diferenças para proclamar a igualdade, mas o que constrói as pontes fortalecendo a autoestima dos pretos e pardos brasileiros e abrindo oportunidades. Foi por esse Brasil que Abdias lutou.
Abdias abriu espaços notáveis na cultura brasileira para essa sociedade com a qual sonhou por tanto tempo.
Quilombo era um jornal dos anos 1950 que abriu a discussão do combate ao racismo.
O Teatro do Negro foi outra iniciativa pioneira que revelou inúmeros talentos para a dramaturgia brasileira, numa época em que atores brancos pintavam o rosto de preto para fazer os papéis de negros. Na militância foi um dos fundadores do Movimento Negro Unificado.
Como primeiro deputado federal afro-brasileiro a dedicar seu mandato à luta contra o racismo (1983-87), apresentou projetos de lei definindo o racismo como crime e criando mecanismos de ação compensatória para construir a verdadeira igualdade para os negros na sociedade brasileira.
Como senador da República (1991, 1996-99), continuou nessa linha de atuação e foi o primeiro titular da Secretaria Estadual de Cidadania e Direitos Humanos (1999-2000) de São Paulo.
Nasceu em Franca, SP, em 1914, o segundo filho de Dona Josina, a doceira da cidade, e Seu Bem-Bem, músico e sapateiro. Abdias cresce numa família