aasas
Bianca Salazar Guizzo
Jane Felipe
Programa de Pós-Graduação em Educação/Universidade Federal do RS - PPGEDU/UFRGS
Para iniciar a discussão
Este trabalho apresenta os primeiros resultados de análise de uma pesquisa intitulada “Infância, gênero e sexualidade: a ‘pedolifização’ da sociedade e o consumo dos corpos infantis” . Examinar materiais didáticos e pára-didáticos e outros artefatos culturais voltados para as crianças, tais como: brinquedos, filmes, propagandas, programas de TV, bem como discutir o conceito de infância articulado às questões de gênero e sexualidade têm sido alguns dos principais objetivos da referida pesquisa. Neste trabalho, especificamente, pretendemos observar o que as propagandas impressas, entendidas aqui como importantes artefatos culturais, veiculam e de que forma têm afetado a construção das identidades infantis, especialmente em relação ao gênero e à sexualidade. Para tanto, apoiamo-nos na perspectiva dos Estudos Culturais e dos Estudos Feministas, tendo como marco teórico a abordagem pós-estruturalista de análise, em especial as análises advindas das contribuições de Michel Foucault sobre o governo dos corpos.
As significativas transformações – políticas, econômicas, sociais, culturais - nas últimas décadas, em combinação com o acesso infantil a informações sobre o mundo adulto, especialmente com o surgimento de novas tecnologias, como os meios de comunicação de massa e a Internet, têm afetado drasticamente as vivências infantis, acarretando uma crise da infância contemporânea (STEINBERG, 1997; POSTMAN, 1999). É possível verificar que a representação de pureza e ingenuidade, suscitada pelas imagens infantis veiculadas pela mídia, tem sido substituída por outras extremamente erotizadas, principalmente em relação às meninas (WALKERDINE, 1999; FELIPE, 1999, 2002).
Tal processo, que chamamos aqui de “pedofilização” da sociedade, merece ser