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Capítulo Único
Nai
Era o segundo ou terceiro dia desde que me uni, à contra gosto, ao pessoal do Circo. Na verdade, era noite. Estava no novo quarto, onde tinha minha própria cama ao invés da beliche, sozinho com Nai - que recentemente descobri não ser um humano.
Nai olhava pelo vitral da janela imensa que ocupava grande parte do quarto, comendo alguma coisa que eu não fazia questão de saber o que era, enquanto eu me preparava para dormir. Muita coisa acontecera desde que nos encontramos, eu precisava de uma boa noite de sono para por a cabeça no lugar. Antes de me deitar, olhei Nai mais uma vez. Ele não tirava os olhos do vidro.
– Ey, Nai, qual é o problema? - Perguntei, já incomodado.
– Gareki. - Ele se virou parcialmente para mim ao responder, apontando para a janela - Estou ouvindo uma coisa lá fora, nas nuvens.
– Hã?
– Tem zumbidos vindos das nuvens.
Curioso, levantei-me indo à ele. Ao olhar pela janela não encontrei nada estranho. Só via as nuvens, e às vezes uns pássaros, mas nada além disso.
– Não tem nada lá.
– Mas eu ouço...
Ouvimos então um chiado irritante de origem incerta, seguido de uma voz. Era um auto-falante.
– Atenção, passageiros, quem vos fala é seu capitão. - Dizia a voz do loiro retardado. Eu já disse que esse me dá nos nervos? - Estamos passando por algumas nuvens carregadas, mas não há com o quê se preocupar, o máximo que pode acontecer é vocês verem algumas faíscas pela janela. - Pelo tom da voz, tenho certeza que ele sorria ao ditar tal frase - Tenham uma boa noite. - Outro chiado longo e então o auto falante se calou.
Fitei Nai por alguns instantes, incrédulo. A audição dele é assustadoramente boa, chego a temer que ele consiga ouvir até meus pensamentos. "Gareki?", ele chamou. Gelei temendo que o que imaginava fosse realmente possível.
– Gareki?
– O-o que foi?- recuei o rosto. Ele pareceu não ter entendido minha reação, mas não se incomodou.
– "Nuvens carregadas" quer