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Maria: Uma senhorita de 40 anos, que mais na juventude fora bailarina. E tem um estúdio de dança.
Adalberto: Engenheiro civil de 55 anos, um dos engenheiros de uma construtora famosa.

Maria uma bailarina experiente sai de seu ateliê de dança após mais um dia de aulas, é tarde, e o consultório de seu médico já vai fechar. Horas antes ele ligara com uma voz meio embargada pedindo a Maria que o quanto antes fosse ao seu consultório para ele relatar o resultado dos exames. Maria em sua costumeira alegria não percebeu o tom meio sombrio do seu médico, que era também seu amigo de uma longa data. No caminho ela vai acertando em sua cabeça os últimos detalhes de seu novo recital de dança. Já é noite e seu medico a espera no consultório. Tudo está vazio, ouve-se apenas os batidos ritmados do salto de Maria no piso. Ela entra na sala na qual o Dr. Emanuel a aguarda, ela o encontra de costas olhando atentamente para os exames pela última vez, antes de dar a derradeira notícia. Ela senta com o seu pensamento ainda envolvido no recital, recosta seu casaco na cadeira ao lado, com a delicadeza de sempre, mas quando fita os olhos de Emanuel seu semblante se desfaz, suas mãos agora gelam. O doutor senta em sua mesa, entrelaçando suas mãos nas de Maria, e diz: -Sinto muito, você tem um câncer maligno no seio direito, não tenho mais nenhuma informação por enquanto, mas vamos investigar. Desfeita de sua calma, meio atônita e desnorteada, em um salto levanta da cadeira pegando seu casaco e sai sem direção. Os corredores do consultório parecem nunca ter fim, e sua corrida que era tímida, agora se torna voraz. Consome aqueles corredores com suas pernas tão acostumadas a deslizar nos palcos, sai sem direção, não vê mais nada, a única coisa que sabe é que quer estar no aconchego de sua casa, lagrimas já rolam em seu rosto.
Chegando em casa, desfeita em lágrimas, sobe as escadas deslizando os dedos no corrimão, com a novidade da primeira vez e a melancolia da última. O casaco fica