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5023 palavras 21 páginas
A crise da razão no ocidente
Hilton Japiassu

resumo Ainda é muito freqüente apresentar as atividades científicas como
“racionais”. Nesse sentido, um fosso praticamente intransponível separaria a racionalidade científica do domínio maldito do “irracional”. Numa sociedade como a nossa, dominada pela tecnociência, entregue ao culto do rendimento e à tecnocracia, a preocupação em se garantir o primado do racional é totalmente compreensível.
Contrariamente à inteligência, a razão, no entanto, não é um dado natural, mas um conjunto historicamente construído de procedimentos, regras e coerções. Embora seja portadora de um aspecto incontestavelmente lógico, podemos falar de uma história da razão, em estreita ligação com a história do ocidente, vale dizer, com a história da cultura ocidental. Nos últimos tempos, vem se impondo um estilo de pensamento caracterizado por uma profunda desconfiança da “razão” que, por ignorar completamente ser evolutiva, tornou-se profundamente intolerante em relação às paixões, às emoções e aos mistérios. A “razão” se transformou numa racionalidade instrumental prestando culto aos meios em detrimento dos fins. Donde o desencanto com a “razão” e o advento do niilismo. Buscar compreender esse fenômeno que tem sido designado como “crise da razão ocidental” é o objetivo deste artigo. palavras-chave: razão, racionalidade científica, crise da razão ocidental

abstract It is still very frequent to present scientific activities as “rational”. In this sense, a trench that practically cannot be passed through would separate scientific rationality from the damned domain of the “irrational”. In a society like ours, dominated by techno science, surrendered to the cult of profit and to technocracy, the worry in assuring the primacy of the rational is totally understandable. Contrary to intelligence, reason, however, is not naturally given, but it is a set of historically built procedures, rules and coercions. Although being bearer of an incontestable

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