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Marcelo Sávio R. M. de Carvalho1
Henrique Luiz Cukierman2
Ivan da Costa Marques3
1. Introdução
Padrões técnicos podem surgir a partir de uma variedade de fontes. Às vezes, a primeira versão de uma tecnologia bem sucedida no mercado define um padrão; outros podem ser negociados via regulamentação ou especificação de normas técnicas; e há ainda os padrões criados e disseminados pelos fornecedores de determinada tecnologia. Os debates sobre padronização aparentemente podem parecer puramente técnicos, porém uma análise mais minuciosa sempre revela a mistura de questões econômicas, políticas e culturais que motivam os argumentos. Em relação à área de redes de computadores, a padronização é um assunto particularmente complexo. Por unir os campos das telecomunicações e da computação, as redes ficam sujeitas aos padrões criados em ambos os lados e, até mesmo dentro de cada lado, existem dezenas de organizações criadoras de padrões, locais ou internacionais, que se sobrepõem umas às outras na abrangência de suas especificações.
O objetivo principal deste trabalho é descrever uma parte da história da Informática no Brasil, relativa às redes de computadores e, mais especificamente, a que diz respeito à padronização dos protocolos de comunicação de dados, tratando o assunto através de uma abordagem sociotécnica da ciência e da tecnologia. Os referenciais que norteiam esse tipo de abordagem encontram-se nos Estudos Sociais da
Ciência e da Tecnologia, os quais ensinam como os valores sociais, políticos e culturais afetam a pesquisa científica e a inovação tecnológica e que a história da ciência e da tecnologia pode ser muito mais rica quando vista não como uma seqüência cronológica de invenções e descobertas, mas como uma história que reconhece as contingências, as bifurcações e os caminhos alternativos que poderiam ter sido percorridos.
Segundo essa abordagem, deve-se acompanhar a