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No começo do século XIX, Portugal tinha uma forte dependência em relação ao Brasil. O ouro, o fumo e a cana de açúcar, produzida na colônia constituíam o eixo de suas relações comerciais, visto que 61% das exportações portuguesas para a Inglaterra, saíam do Brasil.
Diante das ameaças constantes de invasão ao reino de Portugal, Luis da Cunha sugere a D. João V, que mudasse a corte para o Brasil. Em 1762 diante de mais uma ameaça de invasão, o então Marquês de Pombal propôs que o rei D. José I “tomasse as medidas necessárias para sua passagem para o Brasil”, e em 1801, com a Europa ocupada por Bonaparte, esse antigo plano ganhou senso de urgência.
No dia 19 de agosto de 1807, o conselho de Estado se reuniu no Palácio de Mafra para discutir a crise política. D. João leu os termos da intimação de Napoleão Bonaparte: Portugal deveria aderir ao bloqueio continental, declarar guerra à Inglaterra, retirar seu embaixador em Londres, expulsar o embaixador inglês de Lisboa e fechar os portos portugueses aos navios britânicos. Por fim, teria que prender todos os ingleses em Portugal e confiscar suas propriedades.
Espremido entre duas potências rivais Portugal tinha a seu favor a precariedade das comunicações e dos transportes, o envio de uma carta de Lisboa para Paris na época demorava cerca de duas semanas. A lentidão permitia aos portugueses ganhar tempo enquanto tentavam, com a Inglaterra e com a França, uma saída mais honrosa ou aceitável para o seu frágil reino colonial.
Ao receber os termos da contra proposta portuguesa, Bonaparte reage como se previa: mandou avisar que, se D. João não concordasse com suas exigências, Portugal seria invadido e a dinastia de Bragança² seria destruída.
No dia 30 de setembro, reunido no Palácio de Ajuda, em Lisboa, o conselho de Estado recomendou que o príncipe regente preparasse seus navios para partir. No começo pensou-se em enviar para o Brasil somente o príncipe da Beira, como era chamado Pedro I o filho mais velho