2 Rico Ver Ssimo O Retrato Vol
Árvore genealógica da família Terra Cambará
Rosa-dos-Ventos
Chantecler
Cronologia
Crônica biográfica
Prefácio
O Retrato de Erico Verissimo
Em O Retrato, segunda parte da trilogia O tempo e o vento, temos a continuidade da saga da família Terra Cambará, sempre envolvida com a luta política no Rio Grande do Sul, ora palco sangrento de guerras civis, ora tendo ativa participação nas guerras do Prata. O pano de fundo central desta parte são os anos finais do século XIX e as duas primeiras décadas do século xx, do governo do paulista Campos Sales à presidência do mineiro Venceslau Brás.
A presença de um paulista e de um mineiro não foi acidental, mas produto do domínio exercido pelos dois estados na cena política nacional: era a chamada
“política café com leite”. A República já tinha se consolidado — não se falava ou especulava sobre uma possível restauração monárquica. Agora, no horizonte político estavam presentes as divergências sobre a forma de gerir a coisa pública e o espaço reservado à oposição.
Rodrigo Terra Cambará é um republicano insatisfeito, um desiludido do novo regime. Porém, não tem clareza sobre a forma de agir politicamente em defesa de seus princípios liberais. Simpatiza com algumas figuras dominantes
— como é o caso do senador Pinheiro Machado, o condestável da República
—, mas não consegue dissociá-las do grupo que domina o Rio Grande do Sul desde 1889, os castilhistas. Depois da morte de seu líder, Júlio de Castilhos, em 1903, Borges de Medeiros assumiu o governo e o manteve até 1928, eliminando qualquer espaço para manifestação da oposição por via legal, sempre lançando mão da Constituição gaúcha de 1891, eivada de positivismo do começo ao fim.
As eleições, como vemos em O Retrato, eram uma farsa, não havia voto secreto e os eleitores eram coagidos a sufragar sempre o candidato da situação. Quando isso não ocorria, a urna da seção eleitoral era considerada nula e a manifestação do eleitorado,