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DA LAPA: PRÁTICA
DO CATOLICISMO
POPULAR*
Sandra Célia Coelho G. da S. Serra de Oliveira**
Resumo: as reflexões deste estudo centram-se na análise da importância da romaria do Bom Jesus da Lapa como uma das práticas do catolicismo popular. Buscou-se fazer uma leitura desse contexto resultante da experiência concreta de vida dos romeiros, contrastando com a realidade que aí se encontra e entender/perceber como esses sujeitos se relacionam com o sagrado. Palavras chave: Romaria. Bom Jesus da Lapa. Prática. Romeiros e catolicismo popular
A igreja da Lapa
Foi feita de pedra e luz
Vamos todos visitar
Meu senhor Bom Jesus...
S
ob os auspícios do hino dos romeiros em epígrafe é que convidamos vocês à leitura deste estudo. Na língua portuguesa usa-se o termo
“romaria”, para identificar o deslocamento de pessoas (populares) para o lugar sagrado em reverência ao santo.
O estudo das romarias como fenômeno que se processa na sociedade brasileira vem apontando a necessidade de tornar este objeto como elemento de exploração, não somente no que concerne à pesquisa etnográfica, antropológica, mas como um conjunto plural que compreende as transformações econômicas e culturais.
FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 21, n. 4/6, p. 249-268, abr./jun. 2011.
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O santuário de Bom Jesus da Lapa sempre foi objeto de interesse, por retratar a fé do sertanejo em sua essência mais mística e litúrgica. A festa de Bom Jesus da Lapa é um dos poucos exemplos de festejos da cultura popular que se mantém praticamente inalterada.
Pode-se identificar três grandes romarias em Bom Jesus da Lapa – da
Terra e das águas, do Bom Jesus da Lapa e da Soledade –, que anualmente acontecem de julho a setembro. Cada uma dessas romarias tem seu público específico. A Festa do Bom Jesus da Lapa é uma das maiores romarias do
Brasil e suas novenas começam no dia 28 de julho e têm seu ápice no dia 6 de agosto, mês consagrado ao padroeiro. É essa Festa o objeto deste estudo.
Segundo Parker