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V

ÉTICA PROFISSIONAL

Sou réu! (processo RD 05462/2011)1

Cláudio de Moura Castro

No entusiasmo de minha formatura em econo­mia, afiliei-me ao Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro. Antes de começar a trabalhar, fui fazer meu mestrado e doutorado nos Estados Unidos. Lá me apaixonei pelos assuntos da educação, fiz minha tese nesse tema e, ao voltar ao Brasil, tornei-me professor e pesquisador em educação. Passei por Capes, Ipea, OIT, Banco Mundial e BID, onde lidei apenas com educação. Retornei e continuei no mesmo assunto. Pois não é que o Con­selho Regional de Economia vem, há muito, insistin­do em me cobrar suas mensalidades? Argumentei por escrito que não exercia e jamais exerci a profissão de economista. Pela lógica, se o conselho se ocupa com o exercício da profissão, não é comigo. Achei que seria o bastante. Mas não foi. Recebo agora uma comunicação de que estou sendo processado. Querem de mim as mensalidades atrasadas. Na verdade, o valor é modesto (2 063,43 reais), muito menos do que vale o meu tempo e o do advogado para me defender. Mesmo ganhando, saio no prejuízo. Se não quero pagar, é por princípio. Faço birra, pois, em vez de cuidar da economia brasileira, o conselho apenas pratica o mais tacanho corporativismo.
As corporações de ofício surgiram na Idade Mé­dia, visando regulamentar as profissões artesanais e o seu aprendizado. À sociedade, ofereciam um pa­cote justo. Para seus membros, protegiam o mercado. Mas, em contrapartida, garantiam a qualidade dos seus profissionais, com rigorosas provas de competência. Sobrou hoje o lado errado dessa tradição. Em vez de salvaguardarem o mercado de artesãos pobres, as novas corporações protegem universitários – que estão no topo da distribuição de renda. Criam uma reserva de mercado para a categoria. E, à exceção da OAB, não fazem nenhum tipo de simulacro de con­trole da qualidade. Basta ganhar um diploma e

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