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Há algum tempo, a técnica, encarnada tanto no homem quanto na máquina, é o signo atual de nossa relação com o mundo e o modo como a sociedade contemporânea se articula. Heidegger nos ajuda a esclarecer com o que estamos comprometidos na era da técnica maquinística e os desafios que devemos enfrentar e vencer, se quisermos estabelecer uma nova relação com esse fenômeno. Uma das heranças deixadas por Heidegger foi a distinção entre técnica e questão da técnica. Ao passo que a questão da técnica é assunto da filosofia, a técnica em si não coloca problema algum à nossa capacidade de reflexão – ela simplesmente opera ou não. Caso exista, o problema histórico e filosófico reside na questão da técnica, e essa remete ao futuro do ser humano no âmbito de nossa civilização. A principal questão que se nos apresenta é sabermos se continuaremos sendo humanos numa era em que a tecnologia maquinística passar a ser mais importante do que o próprio homem.
“A circularidade do consumo pelo consumo é o único procedimento que caracteriza distintivamente a história de um mundo que se tornou um não-mundo.”
“O mundo surge agora como um objeto aberto aos ataques do pensamento calculista (...). A natureza torna-se uma bomba de gasolina gigante, uma fonte de energia para a tecnologia e a indústria moderna.”
“A cada hora e a cada dia estão presos à rádio e à televisão. O cinema transporta-os semanalmente para os domínios invulgares, frequentemente apenas vulgares, da representação que simula um mundo que não o é (...) Tudo aquilo com que, hora a hora, os meios de informação atuais excitam, surpreendem, estimulam a imaginação do Homem, tudo isso está hoje mais próximo do Homem do que o próprio campo à volta da quinta, do que o céu sobre a terra, do que o passar das horas do dia e da noite, do que os usos e costumes da aldeia, do que a herança do mundo da terra natal.”
Estas e outras afirmações de Martin Heidegger parecem indicar que o