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Autora: Maria Amélia Mascarenhas Dantes
A história da ciência e as instituições As instituições científicas vêm recebendo uma atenção secundária dos historiadores da ciência, que tem se dedicado prioritariamente ao estudo do desenvolvimento conceitual das ciências, visto que resultantes de um processo autônomo, regidos por normas internas e independentes dos demais processos sociais. As instituições científicas são aí consideradas como uma decorrência necessária do valor intrínseco do conhecimento verdadeiro, isto é, como espaços que são conquistados pelos cientistas e que passam a sediar suas atividades. Assim, tradicionalmente, a história institucional da ciência tem se voltado, sobretudo, para algumas das dementeis sociais das praticas científicas, deixando para a histéria epistemológica as questfies relacionadas à natureza do conhecimento cientifico. Este quadro dicotômico — questões do conhecimento e questões sociais — persistiu até os anos 70. É representativa desta permanência a obra do sociólogo da ciência Joseph Bem-David, que em seu livro de 1971, O Papel do Cientista na Sociedade, dedicado ao estudo das formas organizacionais e papéis atribuídos às ciências em diferentes períodos históricos, assim se expressa: Embora as sociedades possam acelerar ou retardar o crescimento cientifico ao dar ou negar apoio à ciência ou a alguns de seus aspectos, podem fazer relativamente pouco para dirigir o seu curso. Este é determinado pelo estado conceitual da ciência e pela criatividade individual - e estes aspectos seguem suas leis próprias, sem aceitar crdens ou subornos. (Ben-David, 1974:25)
No entanto, nos anos 70, já estavam ocorrendo transformações conceituais nos estudos históricos e sociológicos da ciência que apontavam, entre outras coisas, para um redimensionamento da história institucional. Estas mudanças eram indicadas pelo