Sermão vigésimo sétimo com o santíssimo sacramento exposto
Como o “novo reino” d’além-mar se juntou ao “velho reino europeu”? Entre os séculos XIV e XV, Portugal se destacou na exploração além-mar, expandindo sua soberania na Ásia, na África e na América. Contudo, a administração destes domínios se deu de forma lenta e trabalhosa, pois o maior problema da Coroa estava na apropriação do excedente da produção e na fiscalização das colônias.
Nas primeiras iniciativas de colonização, Portugal enfrenta dificuldades em manter a ordem devido à falta de organização e os conflitos entre colonos e o Estado português. Urgia, neste sentido, impor medidas sistemáticas às colônias, que Alencastro considera ‘o aprendizado da colonização’. Deste aprendizado, nascem a exclusividade colonial além-mar e a implantação das Capitânias Hereditárias, dando a Portugal o controle das colônias e a garantia do escoamento do excedente da produção.
A colonização do Brasil teve início no século XVI, quando o governo português decide efetivar a colonização de suas terras na América. A primeira atividade econômica, o pau-brasil, baseada no trabalho indígena é substituída pela economia de produção, assim que se estabelecem na colônia os engenhos de cana-de-açúcar. Como não havia lucro para Portugal na escravização indígena, essa prática é desestimulada pela Metrópole, tendo início, assim, a escravização negra.
A partir da estruturação mercantilista ultramarina, no Atlântico Sul, é efetivado o trato negreiro e os vínculos entre Brasil e África se intensificam a partir do tráfico, que acaba se tornando a atividade mais lucrativa para a Coroa, sendo seus lucros canalizados para a Metrópole.
Cumpre ressaltar que, a Igreja apoiava o tráfico negreiro. Através da Bula “Romanus Pontifex”, o papa Nicolau V, em 1454, autorizava a livre comercialização de escravos africanos. Segundo o jesuíta luso-brasílico Antônio Vieira, no século XVII, o tráfico negreiro poria fim à condição cativa em