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Graphos. João Pessoa, Ano VI. N. 2/1, Jun./Dez., 2004
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Graphos
Revista da Pós-Graduação em Letras - UFPB
João Pessoa, Vol 6., N. 2/1, 2004 – p. 111-116
LITERATURA BRASILEIRA DE EXPRESSÃO
AMAZÔNICA, LITERATURA DA AMAZÔNIA OU
LITERATURA AMAZÔNICA?1
José Guilherme dos Santos FERNANDES2
RESUMO
Uma das questões capitais para a compreensão da Amazônia é considerar se existe uma cultura e uma literatura próprias da região, pois essa discussão transita pela ancestral relação entre o local e o universal. Historicismos à parte, este artigo se propõe a observar a questão por um outro ângulo, isto é, privilegiando antes o método de análise do que aspectos mais conceituais.
PALAVRAS-CHAVE: Teoria Literária. Literatura da Amazônia. Regionalismo.
Outro dia, revirando minha memória em documentos, lá estava ele. Não era propriamente in natura, apenas uma cópia reduzida, mas que a nitidez deixava destacar a manchete: Clima de interior no Show Pirão; a data: 21 de julho de 1988. Os pretensos músicos e compositores: eu,
Demétrio, Bola, Gilmar e Louro. Parecia até uma escalação de futebol de salão, mas nosso estilo, há
16 anos passados, não era muito compatível com as mechas aloiradas e cabelos “batidinhos” de hoje, e os brincos em ambas as orelhas inexistiam: éramos magros, cabeludos e ripongas! A apresentação acontecia na programação da CLIMA – Associação dos Compositores, Letristas,
Intérpretes e Músicos do Pará – intitulada Clima de Som, no Cine-Teatro Líbero Luxardo, no Centro
Turístico e Cultural do Pará “Tancredo Neves”, em Belém, numa quinta-feira. Ah, quanta saudade daqueles tempos idos, em que os aspirantes a músicos e compositores, nesta terra, formavam uma grande comunidade sempre em briga com as instituições, por espaço e por autonomia. Mas o recorte do jornal O Liberal, com a notícia do primeiro show de minha curta carreira musical, foi mais que um revival saudosista de um pequeno querendo fazer arte. Também mostrou o indício e o início de
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