1 A Economia Do Hidrog Nio
apontaria que em determinados momentos paira sobre o texto sinais de um sentimento anti-árabe. Como se o investimento no hidrogênio representasse para o mundo ocidental o caminho para a libertação frente ao petróleo e, consequentemente, da dependência das reservas do Oriente Médio. Talvez fosse possível analisar o pensamento de Rifkin dessa forma, como um combatente dentro de uma cruzada intelectual, defendendo a conquista da soberania energética do
Ocidente contra a subserviência aos regimes de petróleo do Oriente. Em determinada passagem, ele chega a afirmar que a presença das maiores reservas de petróleo no Oriente Médio é um risco tão grave como os efeitos do aquecimento global sobre o ecossistema.
Não acreditamos, contudo, que essa perspectiva seja a mais fecunda. É preferível detectar no livro o intuito de lançar um olhar panorâmico sobre a problemática da matriz energética no mundo atual e as perspectivas novas de adoção do hidrogênio. Olhar esse que traz benefícios para a visibilidade pública desse tema, mas que pode igualmente simplificar aspectos mais complexos do debate sobre a matriz energética atual.
Esse é a nosso ver o grande risco que paira sobre o livro.
Com linguagem fluida e envolvente, característica de seus livros, Rifkin remonta historicamente a relação entre civilizações humanas e energia. Detendose no Império Romano, Rifkin aponta para as formas que a crise energética pode gerar um colapso generalizado na sustentação do arcabouço social. A crise agrária, advinda da sobrecarga da produção e contínua infertilidade dos solos e um sistema colonial ineficiente,
A economia do hidrogênio.
Jeremy Rifkin.
São Paulo, M. Books, 2003, 301 p.
THALES DE ANDRADE *
Em seu novo livro, o americano Jeremy
Rifkin explora um tema que aos poucos vem se apresentando como de fundamental importância para o ambientalismo contemporâneo, a questão do aproveitamento do hidrogênio como alternativa para a produção de energia.
Escrito após os