1 Assistente Adm UFABC
Texto
Ao próximo presidente, seja quem for
JEFFERSON PÉRES
Se considerarmos apenas as experiências mais recentes de desenvolvimento, ocorridas na segunda metade do século 20, facilmente constatamos a existência de dois padrões nitidamente diferenciados.
O primeiro prevalece na América Latina em geral, com destaque para os três países de maior grau de industrialização: Brasil, México e Argentina. Duas características os distinguem negativamente. Uma, a descontinuidade, ao alternarem períodos de rápido crescimento com fases de crescimento lento ou mesmo de estagnação; outra, a tendência à concentração da renda, perpetuadora da miséria.
O segundo padrão prevalece no Leste Asiático, de êxito comprovado porque se estende, há décadas, por três gerações de países. Teve como pioneiro o Japão, potência industrial e militar já no final do século 19, mas que só alcançou o pleno desenvolvimento após a Segunda Guerra Mundial. Em seguida, vieram os chamados tigres asiáticos - Coréia,
Taiwan, Hong Kong e Cingapura -, que deram um salto espetacular em pouco mais de 20 anos. Finalmente, como retardatário, emergiu o dragão chinês, a partir dos anos 90, após se libertar das insanidades do maoísmo. Muito diferente do latino-americano, o padrão asiático mostra características opostas. O crescimento rápido ocorre de modo contínuo, quase sem interrupção, salvo em anos atípicos, e, mais importante, com simultânea distribuição de renda e redução da pobreza.
A pergunta que deveria acicatar a cabeça dos nossos políticos, em particular dos candidatos à Presidência da República, é: Por quê? Por que eles conseguiram, e nós, não?
Pergunta importantíssima, já que as respostas, ao clarear suas mentes, os ajudarão a desvendar o enigma brasileiro e latino-americano.
Vou tentar responder, em um gigantesco esforço de síntese. Preliminarmente, assinale-se que os asiáticos não se encaixam em perfis ideológicos e demonstram que o desenvolvimento decorre de políticas acertadas,