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Fernando Ferrari Filho
Resenha do livro Macroeconomia da Estagnação: crítica da ortodoxia convencional no Brasil pós1994, de Luiz Carlos Bresser Pereira, Editora 34, São
Paulo, 2007, 325 páginas
O lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento, no início do segundo mandato do governo Lula da Silva, e a boa performance dos principais indicadores econômicofinanceiros, sejam os vinculados ao mercado doméstico, sejam os relacionados ao balanço de pagamentos, da economia brasileira em 2007, fizeram com que as Autoridades Monetárias e os analistas econômicos passassem a vislumbrar um ciclo de crescimento econômico sustentado para o Brasil.
Diante do atual quadro de otimismo acerca das perspectivas de um crescimento pujante e consistente da economia brasileira para os próximos anos, o livro Macroeconomia da
Estagnação: crítica da ortodoxia convencional no Brasil pós-1994, de autoria de Luiz Carlos
Bresser Pereira, chega em boa hora. Nele, Luiz Carlos Bresser-Pereira realiza uma veemente crítica à política macroeconômica implementada pela “ortodoxia convencional”, pós-Plano
Real e, principalmente, após a adoção do regime de metas de inflação, em junho de 1999, e apresenta uma estratégia nacional de estabilização macroeconômica – conforme Keynes
(1964: Capítulo 24), entendida como sendo o binômio estabilidade de preços e pleno emprego
– e de desenvolvimento econômico e social.
Ao criticar a política macroeconômica adotada pelo País desde 1999, Luiz Carlos BresserPereira sustenta a idéia de que a economia brasileira encontra-se semi-estagnada “porque está presa a uma armadilha de altas taxas de juros e baixa taxa de câmbio que mantém as taxas de poupança e de investimento deprimidas” (2007: 26). O argumento de Luiz Carlos BresserPereira pode ser corroborado ao percebermos que, em 2007, a taxa de juros básica, Selic, em
termos reais, fechou o ano ao redor de 7,0%, a taxa de câmbio – tanto média quanto em final de período – se valorizou