05 Capitulo_3
A intensificação da divisão do trabalho é uma característica fundamental do modo de produção capitalista. Não se trata aqui de uma divisão de tarefas ou responsabilidades que sempre existiu/existe em qualquer sociedade e que foi caracterizada por Marx como a divisão social do trabalho. A divisão do trabalho característica do modo de produção capitalista inicialmente determinou a organização do trabalho na manufatura e se caracteriza pelo “parcelamento dos processos implicados na feitura do produto em numerosas operações executadas por diferentes trabalhadores (...) e torna o trabalhador inapto a acompanhar qualquer processo completo de produção” (Braverman, 1987, p.
72).
Ao abordar o trabalho em saúde, faz-se referência a um objeto de trabalho que, contemporaneamente, apesar de ser focalizado no corpo humano, nas suas dimensões objetivas e subjetivas, não pode ser abstraído de suas relações históricas. Não existe um processo de trabalho em saúde “em geral”, porque a ele não corresponde um objeto
“natural”, já dado independentemente da história. As necessidades de saúde e, conseqüentemente, o(s) objeto(s) de trabalho em saúde são recortados, são historicamente determinados. Assim, os agentes que operam as práticas de saúde, os trabalhadores, também não têm uma existência “natural” mas, operam dentro de uma divisão social do trabalho que é historicamente determinada (Mendes-Gonçalves, 1992).
Conforme já mencionado, analisando o trabalho em saúde e tomando por base a historicidade, Mendes-Gonçalves (1992, p. 36) afirma que ele organizou-se e desenvolveu-se nas sociedades capitalistas ao redor desses dois modelos: Epidemiológico
- como forma de controlar a doença em escala social relativamente ampla; e Clínico como forma de recuperar a força de trabalho na mesma escala e, “finalmente, como forma de ampliar efetivamente os direitos e o consumo das classes subalternas”.
O modelo hegemônico no século XIX foi o Epidemiológico, no século XX, o