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A trágica obra de Eurípides “Medeia” suscita no expectador as emoções(páthe) de horror(póbhos) e compaixão(éleos).Emoções descritas na Poética de Aristóteles que devem promover a expurgação ou purificação dos sentimentos(catarse). Na recriação da “Medeia” do cineasta Pier Paolo Passoline,a tragédia conta primeiramente a história de como se deu o envolvimento de Medeia e Jasão: Medeia é neta do deus Sol,seu pai é rei da Colquida,na qual a divindade cultuada é o velo de ouro, que Jasão deseja roubar.Medeia se apaixona por ele,e o ajuda.Para facilitar a fuga,mata o irmão e deixa pelo caminho seus restos mortais.Eles vivem juntos até que Jasão fica noivo da filha do rei de Corinto.Em vingança mata a noiva,o pai dela e os dois filhos que teve com Jasão. Nesse sentido o final do filme,é o início da peça de Eurípides.Em Eurípides a peça decorre após a traição de Jasão e já no prólogo é feita a alusão á desgraça proeminente: a discórdia conjugal,o desejo de vingança,o desprezo pelos filhos(v.v 1-48).Mas a maior diferença entre a peça e o filme esta na personalidade da figura de Medeia. A Medeia de Eurípides se mostra como uma mulher forte,ardilosa,que domina toda a peça,e que age sempre com racionalidade ao formular seus discursos e persuadir seus interlocutores.A Medeia de Passoline se mostra como uma mulher sentimental,fragilizada e sedutora. Passoline em sua recriação não deixa claro os três elementos primordiais da obra “Medeia” em Eurípides que são: fidelidade aos juramentos,o valor da hospitalidade,e a perpetuação através dos filhos.Estes estão entrelaçados.Medeia têm sede de vingança por Jasão,esse desejo aumenta mais quando é ameaçada de exílio pelo rei Creonte(v.v 316-323).Egeu rei de Atenas a quem ela considera amigo,oferece hospitalidade.Medeia o faz jurar pelos deuses de que vai dar hospitalidade para ela até a sua morte(v.v 748-755).Com hospitalidade segura,agora ela pode cometer os crimes planejados acreditando ter os deuses da justiça Zeus e Dike