Invisibilidade Pública - Benjamin

sistematização científica. Podemos dizer que Rubem Braga, assim como Baudelaire, ao fazer o seu papel de observador pôde captar a essência desta teoria da Psicologia Social antes mesmo dela começar a ser fomentada. Pois “o observador é um príncipe que, por toda parte, faz uso do seu incógnito” diz Benjamin ao citar Baudelaire (Walter Benjamin- obras escolhidas III,1989,p.38) Destaquemos alguns elementos da crônica que estão presentes no artigo sobre a Invisibilidade Pública para depois partir para uma análise mais aprofundada. O padeiro da crônica, assim como o gari, identifica-se por sua profissão e passa e “ser a profissão”. Por ser identificado como uma profissão é que há o esvaziamento do ser, esvaziamento este que foi denominado pelo Psicólogo Social Fernando Braga da Costa em sua Tese como Invisibilidade Pública. As pessoas são vistas pela função que exercem. E por este mesmo motivo acabam deixando de ser vistas como seres humanos que são. Essa massificação foi descrita por Benjamin em sua análise da obra de Baudelaire, tendo sido observada no processo de numeração dos imóveis em Paris que acaba por promover “o desaparecimento do ser humano nas massas das cidades grandes.” (Walter Benjamin, 1989, p.44) É importante destacar que tudo parte de uma visão que o Outro tem do indivíduo, visão esta que passa a ser aceita por ele. Observando a crônica veremos que o padeiro aprendeu a dizer: “Não é ninguém, é o padeiro!”, porque ouvia outras pessoas dizerem…

A IMAGEM URBANA COMO POESIA A cidade como elemento matricial da poesia lírica: o flâneur e a flânerie. Seria impossível abordar a obra de Baudelaire, e Walter Benjamin compreendeu-o bem, sem analisar os conceitos de flâneur e de flânerie. É através do olhar do flâneur que a cidade de Paris é transfigurada poeticamente por Baudelaire, mediante o estado de spleen, de que se falará adiante. Paris constitui-se como objeto arquitetônico privilegiado por Benjamin e a que o autor recorre…

PANORAMAS E O FLÂNEUR EM WALTER BENJAMIN Para abordar a reflexão de Walter Benjamin acerca do desenvolvimento capitalista na modernidade, o presente trabalho considera os seus escritos Paris – capital do século XIX e Paris no segundo império em Baudelaire. Na sua exposição, Benjamin destaca, nos escritos aqui considerados, os seguintes tópicos: “Paris, a capital do século XIX” em i) Fourier ou as passagens; ii) Daguerre ou os panoramas; iii) Grandville ou as exposições universais; iv)…

Na primeira parte deste ensaio crítico procuramos levantar uma reflexão sobre o texto de Walter Benjamin, “Sobre alguns temas em Baudelaire”, escrito em 1983. Expomos aqui alguns pontos essenciais para a compreensão das questões levantadas pelo autor, e assim procuramos identificar o posicionamento adotado frente a tais questões. Nesta primeira parte, analisamos as noções de multidão, experiência x vivência do choque e aura. No ensaio “Sobre alguns temas em Baudelaire”, o tema da…

Walter Benjamin I. Introdução Este trabalho tem como objetivo, a partir do pensamento do filósofo alemão Walter Benjamin demonstrar as transformações ocorridas na sociedade moderna decorrentes da ruptura da tradição que constitui o conceito de queda da “experiência”. O ponto de partida de Benjamin é o deslocamento do conceito de “experiência” onde o sentido da vida se encontrava na tradição coletiva e na autoridade do passado para o conceito de “vivência” onde o sentido da vida se…

igualmente promove a visibilidade. Cronica: relato de um tempo presente. Cronista fala em nome dele – o mundo de hoje cidade muito presente. Trazer pro jornal sua visao da cidade. Cronista: metodo do flaneur. Percorrer as ruas – sair, sentir, andar. Rua- musa da modernidade. FLANEUR circula por todos os lugares. Sono calmo: perigo controlado. O “eu” é um sujeito que faz parte da elite- com isso, cria uma impatia com leitor. Ao mesmo tempo que tem horror a pobreza, é fascinado por…

São Luís 2013 Introdução Benjamin ao contrário de outros sociólogos, não foi um cientista social no sentido rigoroso. Além disso, escreveu de forma pouco metódica, com um estilo estilhaçado e peculiar, empregando poucos conceitos e muitas imagens literárias. Distinguimos que seus críticos têm razão quando o apontam de ter sido dispersivo e muitas vezes desconexo. Mas também é necessário adotar que raros pensadores sociais contiveram sensibilidade igual a ele para advertir o cotidiano…

Rodolpho Xavier: negro, flâneur e memorialista Rodolpho Xavier nasceu em Pelotas – RS, em 10/05/1874, filho de escravos. Aos dez anos de idade concluiu o curso de alfabetização masculina, promovido pela Bibliotheca Pública Pelotense, juntamente com seu irmão Antônio Baobab. Posteriormente, iria referir-se a esse como seu grande mestre, não apenas em relação às letras, mas também como exemplo de um negro (ex-escravo) que conquistou espaços negados a indivíduos dessa condição, como líder…

do Capitalismo, Benjamin Walter apresenta, no capítulo “O Flâneur”, como Baudelaire e outros autores tratam o tema flânerie em suas obras, numa Paris no ápice do capitalismo. Segundo o autor, a paisagem pitoresca é o ambiente que combina com o flâneur. Porém, naquela época, o único lugar que permitiu o desenvolvimento da flânerie foram as galerias, que imitavam uma cidade calma em miniatura. “O que são os perigos da floresta e da pradaria comparados com os choques e conflitos diários do…

Para isso, Walter Benjamin compara o significado de multidão entre três autores: Baudelaire, Poe e Hoffmann. O que pretendo fazer é, na verdade, chamar a atenção para algo ainda mais curioso entre ambos: o olhar vivo, surpreso, encharcado pelas cores da modernidade, do novo diante desses três autores. Primeiro, vamos começar com Baudelaire. Ele vivenciou intensamente as mudanças de Paris, em meio ao absinto, às prostitutas e às reformas urbanistas. E o que ele viu? Baudelaire era um…