“A História, os homens e o tempo”: análise da obra de Marc Bloch e sua contribuição para a Escola dos Annales
Mas, sou um historiador, é por isso que amo a vida”.
Marc Bloch
A revista dos Annales foi fundada no ano de 1929 por Marc Bloch e Lucian Febvre. Suas abordagens revolucionaram o estudo da História. Uma delas foi a nova maneira de encarar a relação do historiador com seu objeto, acompanhada pela tentativa de construção de uma história total, através da utilização de abordagens e metodologias vindas de outras ciências sociais, daí sua preocupação com a interdisciplinaridade.
Pode-se dizer que as principais contribuições da Primeira Geração dos Annales foram: ampliação da idéia de documento (ao considerar que outras fontes pudessem ser utilizadas pelo historiador), aproximação com outras ciências humanas, em uma clara resposta aos questionamentos e vazios deixados pela historiografia do século XIX, que defendia a primazia dos fatos, depositados nos documentos oficiais, cabendo ao historiador, “extrair” a verdade sobre o passado, produzindo grandes narrativas, como as histórias políticas e nacionais.
Se cada sujeito produz uma narrativa sobre a sociedade em que está inserido, qual seu grau de isenção e objetividade? Qual, então, a função da história, se para cada caso, é necessária uma nova explicação, não havendo uma regra geral?
Debruçando-se sobre tais questionamentos e tecendo críticas ao pensamento historiográfico dominante no século XIX, Marc Bloch propõe uma nova visão sobre a História enquanto disciplina e ofício do historiador.
Conceito de História: Homem no tempo
Uma contribuição de Bloch foi definir a História enquanto ciência dos homens no tempo, pois ao historiador não cabe se ater ao passado, visto que, enquanto sujeito ativo no processo de produção do conhecimento, está no presente, caminha no tempo que vive, olhando sempre os fatos pela ótica do presente. Ele acreditava que o “historiador é necessariamente levado a recortar o ponto de