“Até que ponto você se conhece?”
“Crash – no limite” envolve os expectadores numa realidade de frustrações e discriminações contrapostas com a ética e a moral das situações cotidianas narradas pelo filme. Aborda a individualidade dos tempos modernos, fazendo com que as pessoas se esqueçam de que vivem em comunidade, e como num “efeito borboleta” suas ações afetam direta ou indiretamente uns aos outros. O drama se passa em Los Angeles, USA e retrata os preconceitos raciais, sociais e culturais da sociedade, mostrando que tal realidade não é uma prerrogativa exclusiva dos brancos e burgueses. O diretor e roteirista Paul Haggis, construiu uma narrativa sem papeis principais, transformando todos os personagens em protagonistas. Faz um retrato real da sociedade contemporânea, que ainda tem enraizados em si, comportamentos e ideias conservadores e muitas vezes preconceituosos. Em uma das cenas, o diretor bem sucedido de cinema Cameron (Terrence Howard) e sua esposa Christine ( Thandie Newton ), ambos negros, são abordados por policiais brancos em uma ronda de rotina. Durante a operação, um dos policiais, agindo totalmente diferente dos padrões de ética e moral de seu cargo, abusa sexualmente da mulher, impossibilitando o marido de agir em prol de sua esposa por medo das possíveis consequências que lhe seriam atribuídos caso agisse contra os agentes. Ao decorrer do filme, a esposa sofre um acidente de carro ocorrido pelo abalo emocional do abuso, e é salva pelo mesmo policial, Ryan ( Matt Dillon), colocando-o diante de suas recentes atitudes. Os direitos dos policiais não podem ser uma imposição sem limites. Em suas obrigações, espera-se que ocorra a proteção e a ordem pública, nacional ou moral em beneficio da população, o que não ocorreu neste caso. Em outra cena, após ser assaltada, Jean Cabot (Sandra Bulock), uma mulher rica e esposa de um promotor público, se torna obsessiva por segurança e diante de seus medos e preconceitos age e agride