À procura da felicidade (2006), uma volta ao neo-realismo italiano?
O Neo-Realismo Italiano foi um movimento cinematográfico que surgiu na Itália no período do pós-guerra, entre 1945 e 1952; num momento em que o povo italiano estava mergulhado em uma série de graves problemas sociais, fruto dos horrores da Segunda Guerra Mundial.
Num processo de reflexão sobre a situação da Itália neste período, e frustrados com a crescente onda de filmes hollywoodianos que “pervertiam” a realidade, alguns cineastas começaram a produzir filmes capazes de “reproduzir” a real situação da sociedade italiana. Estes cineastas priorizavam as filmagens em locações reais, a contratação de não-atores, e a utilização de planos sequência. Além disso, as próprias histórias narradas pela câmera, em sua maioria, eram voltadas para o contexto histórico-social vivido pelos italianos.
O grande marco inicial desse movimento foi o filme de Roberto Rosselline, Roma, cidade aberta (1945). Formam a “trindade neo-realista”, juntamente com Rosselline, os cineastas: Vittorio De Sica (Ladrões de Bicicleta) e Luchino Visconti (Sedução da Carne). Porém, muitos outros cineastas italianos compartilharam do movimento neo-realista, como também, tantos outros do mundo inteiro.
Ladrões de Bicicleta (1948) e À Procura da Felicidade (2006)
Ladrões de Bicicleta (1948), de Vittorio De Sica é um dos clássicos do Neo-Realismo Italiano. Através da história de Antonio Ricci, que mais parece um coadjuvante a serviço dos reais objetivos da narrativa, o diretor apresenta uma Itália afundada em desigualdades sociais. Como estratégia, De Sica utiliza a perda de uma bicicleta, e a busca pela manutenção do emprego, há pouco adquirido, para fazer Ricci percorrer pela cidade, revelando desta forma, uma Itália caótica.
Em contraposição, temos Chris Gardner, um afro-americano, apresentado em À Procura da Felicidade (2006), do também italiano, Gabrielle Muccino. Gardner é um homem desempregado, que vive à custa da venda de uma série de