Ética
DE: Ester Macedo – fevereiro de 2015
Rubem Alves encontrando-se com seu amigo Ariano Suassuna, na FLIP de 2013, estabeleceram um diálogo sobre alguns fatos do cotidiano do ser humano.
R - Soubesse Suassuna, pela televisão, que por acaso eu estava assistindo, de um sujeito que ganhou na mega sena? Eles o estavam entrevistando, coitado nem cabia-se de tanta alegria, de tanta felicidade;
S - Sabes que por acaso eu também a estava assistindo? O que achaste da “felicidade” dele?
R - Pois é, Suassuna. O que será que ele pensa sobre felicidade?
S - Acho que como a maioria das pessoas, Rubem, dizendo que se tivesse bastante dinheiro seria feliz. Poderia ter mulheres, carros, casas e o melhor um jatinho! Sucesso! Poder! A imaginação do que se pode fazer com o dinheiro me leva a lembrar da “Alegoria da Caverna”, de Platão, em que os homens acreditam naquilo que imaginam ser a verdade, nem pensando em questionar para saberem se estão no caminho do que realmente o conduz à felicidade.
R – É mesmo! Estou totalmente de acordo contigo. A imaginação e a ilusão fazem o homem acreditar em muita coisa que não é real.
Mas voltando ao cara que ganhou sozinho na mega sena, foi algo em torno de 20 milhões de reais. O coitado nem tem os dentes saudáveis. Será que ele irá resolver seus problemas ou criar mais muitos?
S – Veremos, meu amigo. Tudo indica que ele porá os pés pelas mãos, de acordo com um dito popular.
R - Eu que já estou com um bom tempo de estrada e após estudar tanto e bem como sabes ainda escrevo, ainda me questiono sobre o que é a vida e seus atributos.
S - O mesmo acontece comigo, Rubem. Tudo é tão passageiro!
R - O que te deixa mais de bem com a vida, Suassuna?
S - Sabias que é tão pouco? Um dia lindo! Uma chuva, após uma estiagem, o cheiro da terra molhada! Estar com meus filhos, netos e bisnetos. Uma comida gostosa. Um bom papo, enfim aquilo que custa pouco, mas que foi construído com o passar dos anos.
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