Ética

Conceito de ética

Estar no turbilhão de acontecimentos dificulta uma análise precisa daquilo que vivemos. Como será que os historiadores do futuro chamarão este primeiro século do terceiro milênio da Era Cristã? Talvez o comparem à Idade Média, na concepção de hoje ultrapassada, que considerava tal fase um período estático ou dormente e de poucas luzes nos pensamentos dos homens. Reformulou-se a percepção, de maneira a valorizar a maturação das ideias então desenvolvidas. A Idade Moderna não poderia prescindir daquele estágio de imersão meditativa. Todavia, o presente bem poderá ser simplesmente chamado de era do obscurantismo, período de retrocesso moral, fase do declínio civilizatório. Há um desalento geral em relação ao verdadeiro progresso da humanidade. Tende-se a desconfiar de que a espécie humana está a perder sua característica distintiva em relação aos demais animais. Já não se comportam consoante os ditames da razão. Não se consegue exercer futurologia com nível ótimo de acerto. A História registra previsões que nunca se concretizaram e surpresas imprevisíveis. O certo é que a humanidade tem muito a lamentar se estiver atenta ao que ocorre em todo o planeta. Em nível macro e no plano micro. Nos estados, nas nações, nos grupos étnicos, nas maiorias e nas minorias. Mas também na família, no convívio social ou na situação de quem vive só. O desconforto é generalizado e habita o recôndito de consciências que não perdem a capacidade de pensar. Tal sentimento decorre de um diagnóstico bastante conhecido: a falta de algo muito repetido e pouco praticado: a ética. Não que ela tenha deixado de frequentar as promessas. Ao contrário: a ética aparece em todos os discursos. É apontada como aquilo que falta para o mundo ser melhor. A cada desatino – e são tantos – alteiam-se as vozes dos moralistas ao invocar a necessidade de um repensar comportamental. Ética infelizmente é moeda em curso até para os que não costumam se portar eticamente.