ética
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2. ÉTICA AMBIENTAL
Orlando Roque da Silva 2
Introdução
No papel, o mundo é governado por Estados soberanos. Na realidade, milhões de pessoas vivem em um vazio político no qual a autoridade do Estado é mínima, ou mesmo inexistente: guetos urbanos sem administração, comunidades rurais esquecidas e, o mais trágico, um número crescente de zonas do planeta onde o Estado sucumbiu.
A progressão do “caos” surge como uma ameaça à segurança do mundo, favorecendo um Estado de não-direito, o crime organizado, o reino dos senhores da guerra, crises humanitárias e epidemias descontroladas. De fato, essa crise da governança está na origem de muitos dos males do subdesenvolvimento e da criminalidade que frequentemente vitimam os mais pobres. Não raro, essas “zonas cinzentas” na geopolítica mundial são possuidoras de um vasto estoque de riquezas naturais, sejam em seus subsolos, sejam em sua biodiversidade, atraindo o interesse de grandes corporações internacionais, que passam a exercer uma espécie de “governo paralelo”, espoliando e degradando o ambiente sem a menor das preocupações, como se a ética ambiental não passasse de uma simples abstração de acadêmicos. Exemplos como a Rhodia, em Cubatão, e a Shell, na Nigéria, não faltam. Mas, o que está faltando para que a variável ambiental se instale em definitivo nos planos de negócios das empresas, da empresa individual até as grandes corporações multinacionais?
Pode parecer paradoxal, mas o desenvolvimento mais significativo no pensamento estratégico nos últimos dez anos foi justamente a introdução do conceito de "sustentabilidade" e "desenvolvimento sustentável" no rol das discussões empresariais. Tanto que, atualmente, assistimos a uma avalanche de mudanças e
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Administrador, mestre em Administração e Planejamento pela PUC-SP, doutorando em
Engenharia de Produção na área de concentração de Gestão Ambiental e Energética pela