Ética da Hipocrisia
A Barata diz que tem sete saias de filó
É mentira da barata, ela tem é uma só
Ah rá rá, oh ró ró, ela tem é uma só!
(...)
A Barata diz que tem um anel de formatura
É mentira da barata, ela tem é casca dura
Ah rá rá , hu ru ru, ela tem é casca dura
(...)
(Cantiga Popular)
Após certa celeuma acerca de escândalos de irregularidades e ingerências políticas envolvendo membros do alto escalão do governo da Vila dos Bobos, o repórter indagou do assessor de comunicação, em entrevista coletiva, que justificativas ele trazia sobre os fatos veiculados na mídia.
O assessor, cansado de adotar o glamour do estilo true lies, respondeu secamente, num rompante de indignação:
— Quer a verdade ou quer que eu minta?
O repórter foi lacônico:
— A verdade!
— Essa, infelizmente, eu não posso falar, nem na televisão nem na rádio! – respondeu o assessor, com a angústia estampada na testa. — Vão me acusar de ferir a ética institucional.
Assim é trabalhada a ética na administração de algumas de nossas instituições públicas, se é que isso pode se chamar de ética!
Ora! Se “a ética é a parte da Filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana; é o conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão.” (Dicionário Michaelis, 2006, p.157), não é nada ético tê-la que aplicar a serviço da mentira, pois na mentira não existe ética. Se oficiosa, por prazer ou utilidade, a mentira continua sendo prejudicial, aética. Se inocente, a mentira pode ser igualmente desairosa, inconveniente, podendo levar a desvios comportamentais, a hábitos funestos. De qualquer modo, mentir é um desserviço à formação ética.
Aristóteles (384 - 322 a.C.) dizia que as virtudes morais não são plantadas em nós pela natureza, mas são produto do hábito. Considerando isso, como há indivíduos influenciáveis, mal habituados! É exatamente este tipo que vende a honra e a dignidade por míseros