Analise de fragmentos da carta de Caminha
No seguinte fragmento, Caminha percebe que o atrativo para os índios não é a feitura da cruz em seu motivo religioso, mas sim o uso dessas novas tecnologias nunca vistas pelos índios:
“E creio que o faziam mais para verem a ferramenta de ferro com que a faziam do que para verem a cruz, porque eles não tem coisa que de ferro seja…”
Neste momento, Caminha deixa claro sua visão ambiciosa, na qual uma grande felicidade teria mais sentido se viesse de algo que possuísse um grande valor commercial:
“E ele ajeitou-lhe seu adereço da parte de trás de sorte que segurasse, e meteu-a no beiço, assim revolta para cima; e ia tão contente com ela, como se tivesse uma grande jóia. “
Aqui, Caminha evidencia achar fácil inserir novos hábitos culturais na população índigena nativa: “Comiam conosco do que lhes dávamos, e alguns deles bebiam vinho, ao passo que outros o não podiam beber. Mas quer-me parecer que, se os acostumarem, o hão de beber de boa vontade!” Caminha deixa transparecer que os índios achavam que a apreensão sobre os perigos dos primeiros contatos já havia passado, no entanto, o estranhamento ainda estava bastante presente por parte do português:
“E estavam já mais mansos e seguros entre nós do que nós estávamos entre eles. “ Neste excerto, Caminha julga a inocência do índio como uma fraqueza, além de os perceber como uma tábula rasa. Também é transparente o uso da visão religiosa, pelo europeu, como justificativa do seu projeto de poder:
“Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências.”
“…E imprimir-se-á facilmente neles qualquer cunho que lhe quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o Ele nos para aqui trazer creio que não foi sem causa. E portanto Vossa Alteza, pois tanto deseja acrescentar a santa fé católica, deve cuidar