ÉMILE DURKHEIM
(Ferreira, D. Manual de Sociologia. Dos clássicos à sociedade de informação. 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007)
Esse intelectual viveu entre 1858 e 1917, período que compreendeu o ápice e a primeira grande crise interna do capitalismo monopolista europeu. De seus 59 anos vividos, em mais da metade presenciou a opulência burguesa francesa, enquanto a fase final assistiu à tensão pela disputa de mercados entre as potências européias ser levada às últimas conseqüências. Em seu país, a França, preocupou-se com o que ele chamou de ''vazio moral da Ill" República", com os conflitos entre o capital e o trabalho decorrentes da Segunda Revolução Industrial, com o impulso do ideário socialista e com os rumos ali tomados pelo capitalismo. No plano internacional, sua vida abrangeu do desenvolvimento do neocolonialismo à ec1osão da Primeira Guerra Mundial, com seu término e o início da primeira grande revolução socialista, a Revolução Russa de 1917.
Durkheim compreendia o quadro perturbador colocado pela emergência da questão social, mas discordava essencialmente do conteúdo de soluções que começava a ser proposto pelo pensamento socialista. Suas convicções defendiam que os problemas sociais vividos pela sociedade européia eram de natureza moral e não de fundo econômico, e que estes sobrevinham devido àfragilidade decorrente de uma longa época de transição. A dialética da chamada Belle Époque' é instigante: este é visto pela historiografia como o momento do apogeu do capitalismo imperialista europeu. Entretanto, no interior da sociedade européia - no âmbito das relações entre a burguesia e a classe trabalhadora -, o desenrolar do processo social levava à radicalização dos conflitos que redundariam na saída socialista russa e no advento posterior do Welfare State.
No tocante ao problema da relação indivíduo-sociedade, Durkheim tomou posição a favor desta. Ele entendia que a sociedade predominaria sobre o indivíduo, uma vez que ela é que