Álbum Seriado
Nos seus primeiros séculos de existência, a língua portuguesa tinha umaortografia muito variável. Este facto ficava a dever-se a dois fatores, deimportância naturalmente variável ao longo do tempo: por um lado, o estatutosecundário do português em relação ao latim fazia com que o ensino da línguavernácula fosse comparativamente descurado e os próprios gramáticos não seocupassem muito dela; por outro, não havia uma entidade reguladora quepromovesse a uniformização da escrita. De resto, as disparidades ortográficassão um fenómeno normal dos processos de formação das línguas.
De qualquer forma, já renascentistas como João de Barros e Duarte Nunes deLeão - numa época em que o latim ia perdendo o seu estatuto privilegiado e, aomesmo tempo, o português surgia como um dos elementos definidores daconsciência nacional - constatavam as inconstâncias da grafia e sepreocupavam com elas.
Foi ao longo do século XIX que surgiram vários projetos de reforma ortográfica,mas nenhum chegou a ser posto em prática. Entretanto, era óbvio que a própriaevolução da sociedade (com a institucionalização do ensino e a divulgação daimprensa) ia propiciando uma redução da variação ortográfica.
Mas o próprio empenho do Estado na regularização da ortografia - o fator quepoderia fazer a diferença, impondo institucionalmente uma norma,nomeadamente através do ensino público - tardou a manifestar-se. Foi somenteem 1911 que foi decretada uma reforma, como resultado do trabalho de umacomissão integrada por Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Aniceto GonçalvesViana, Adolfo Coelho, José Leite de Vasconcelos, Cândido de Figueiredo e outrosestudiosos de grande craveira, em que o y foi eliminado, assim como grupos ph,ll e th.
O Brasil aderiu a esta reforma numa primeira fase, mas em 1915 revoga a suaadesão, uma vez que não foi considerada a evolução autónoma do português noBrasil nem os hábitos de escrita que aí se tinham consagrado. Quatro anos maistarde, a Academia de Ciências de