África
Entre o século XIX e o começo do século XX, a Inglaterra formou um gigantesco império colonial, dominando grande parte do sudeste asiático e da África Ocidental, além de pedaços da Oceania.
Apesar de os britânicos considerarem-se, na maior parte das vezes, como missionários civilizatórios, iluminando povos selvagens e atrasados, essa dificilmente era a visão dos dominados: não passavam de estrangeiros poderosos e de costumes bizarros.
E é exatamente o momento em que esse choque aconteceu em seu país natal que o nigeriano Chinua Achebe retrata em seu terceiro romance, A Flecha de Deus, que acaba de ser publicado no Brasil pela Companhia das Letras.
A história se passa nos primeiros anos do século XX, logo que foi estabelecido o protetorado da Nigéria. A coroa inglesa enviou tropas pacificadoras, missionários catequistas, administradores e construtores para ocidentalizar a região, dividida entre os povos Hausa, Ibo e Iorubá.
Os protagonistas, no entanto, não são os britânicos, mas os nativos Ibo. Um deles em especial: Ezeulu, o sumo-sacerdote do deus Ulu, adorado por seis aldeias que, juntas, constituem Umuaro. Logo de cara, surge um conflito entre Ezeulu e Umuaro que, apesar da contrariedade do sacerdote, decide pela guerra com o vilarejo vizinho, Okperi. A batalha, no entanto, termina de modo abrupto e pouco favorável para Umuaro graças à intervenção do administrador britânico T. K. Winterbottom.
Cinco anos depois disso Winterbottom tem o dever de escolher um chefe para Umuaro. Ao mesmo tempo, Ezeulu começa a sofrer atritos cada vez maiores com sua aldeia e com sua família. Os dois problemas acabam se encontrando, com resultados desastrosos para todos.
A escrita de Achebe é interessante, colorida não apenas com as expressões em língua ibo – para as quais existe um glossário no final – mas também com expressões traduzidas que refletem o modo de