ÁFRICA EM QUADRINHOS: UGANDA E O SOLDADO DESCONHECIDO
2941 palavras
12 páginas
ÁFRICA EM QUADRINHOS: UGANDA E O SOLDADO DESCONHECIDO1. Sileimar Teles Andrade Tábata2. sileimar.aza140@gmail.com Este artigo objetiva analisar a revista em quadrinhos intitulada “O Soldado Desconhecido”, especialmente os seis primeiros capítulos, que constituem o primeiro arco da trama3. Essa HQ aborda o período de maior violência no conflito (2002-2003), travado entre o Governo ugandense e o Exercito de Resistência do Senhor (LRA, na sigla em inglês) no noroeste de Uganda, país localizado na região dos Grandes Lagos, no centro-leste africano4.
O “Soldado Desconhecido”, publicado pelo selo Vertigo, da DC Comics, é protagonizado pelo médico Dr. Moses Lwanga, cuja família fugiu de Uganda devido ao turbulento período de 1978, seis meses antes do fim do regime ditatorial de Idi Amin Dada Oumee5. Quando tinha somente sete anos de idade.
Ainda criança Moses é exposto a uma realidade de violência, barbárie e corrupção existentes em seu país natal. Criado nos Estados Unidos, ele volta para Uganda em 1999, e, anos depois, acompanhado de sua esposa, Sera Lwanga, uma médica como ele, estabelecem uma clínica em Kampala, com o propósito de ajudar a população6. Já em 2002, esperando aplicar sua formação numa parte do país que se encontra há mais de 15 anos em meio a guerra civil, os dois decidem percorrer as zonas de conflito no norte, deparando-se com as “realidades brutais” que lá encontram. Moses tem seu rosto envolto por ataduras a partir do terceiro capítulo, após uma “voz interior” constante passar a acompanhá-lo em meio à violência que confronta no seu dia-a-dia, atingindo um ponto de quase insanidade. Ele golpeia sua própria face com uma pedra para tentar silenciá-la. É esse acontecimento que o transforma n’O Soldado Desconhecido.
Ao contrário do que o senso comum ainda demonstra, bem como setores consideráveis da Academia (um continente submisso, sem história própria, homogêneo em sua cultura ou na ausência dela, mergulhado constantemente em “ondas de fome,