W S E Desenvolvimento Celia Lessa 1
Celia Lessa Kerstenetzky
Professora titular do departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense
(UFF), pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e diretora do Centro de Estudos sobre Desigualdade e Desenvolvimento (CEDE).
Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: celiakersten@gmail.com
INTRODUÇÃO
A
s relações entre o estado do bem-estar social e o desenvolvimento são, no mais das vezes, pensadas como problemáticas, requerendo frequentemente sacrifícios de seus respectivos advogados. O welfarista não dogmático se constrange em rebaixar o objetivo do desenvolvimento em sua escala de prioridades; o seu colega desenvolvimentista se obriga a adiar planos de justiça social para um futuro quiçá remoto. Entender os condicionantes dessas relações, conhecer as experiências históricas, reconstruir argumentos e recuperar evidências parece, pois, apropriado, sobretudo quando se trata de ampliar o repertório intelectual dos que se ocupam em imaginar políticas públicas que reconciliem desenvolvimento e equidade. O propósito principal deste artigo é sistematizar argumentos e evidências em favor dessa conciliação.
Advogados dogmáticos do desenvolvimento econômico, que questionam a viabilidade de um estado do bem-estar social – isto é, da investidura, por parte do Estado, de responsabilidade pelo bem-estar dos cidadãos, que implica transferências, monetárias e de serviços, invariavelmente redistributivas – normalmente o fazem a partir da postulação de duas relações de causalidade principais. De um lado, a proposição de que a introdução de um estado do bem-estar social requer a existência prévia de desenvolvimento econômico: só países desenvolvidos
DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 54, n o 1, 2011, pp. 129 a 156.
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Revista Dados – 2011 – Vol. 54 no 1
1ª Revisão: 11.04.2011
Cliente: Iuperj – Produção: Textos & Formas
Celia Lessa Kerstenetzky
podem ter um welfare