S o f r i m e n t o s o c i a l : a m í d i a e n o s s o s t e m o r e s d i á r i o s
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Maria Cristina Rocha Barreto**
Este trabalho é parte integrante de minha pesquisa para o curso de doutorado em Sociologia pelo PPGS-UFPB e visa levantar algumas questões de como a mídia (ou setores dela), em sua busca de relatar os acontecimentos do momento, pode despertar na pessoa comum temores, reais ou imaginários, relacionados com a vida cotidiana dos centros urbanos. A análise se concentra nas matérias de um jornal particular da cidade do Recife (PE), a Folha de Pernambuco com o objetivo de discutir como a experiência mediada da realidade afeta a construção da subjetividade dos leitores de jornal, criando uma realidade simbólica que, embora ancorada nos referentes, desperta ou, muitas vezes, sacia os medos através da atenção dada nas notícias ao sensacional. Para quem não conhece, a Folha de Pernambuco surgiu no mercado editorial pernambucano em abril de 1998 e teve um impacto considerável na cidade do Recife (PE) e em outras cidades próximas, inclusive João Pessoa (PB), onde é distribuída
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Parte integrante da mesa redonda Imagem, sofrimento social e medos na contemporaneidade apresentada no CCHLA em debate – 2002.
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PPGS/UFPB – GREM – UERN - 1 -
regularmente até o presente momento. Este impacto se deve à introdução de uma nova linguagem no mercado local, apresentando um jornalismo de sensação a uma população acostumada a uma imprensa de caráter mais informativo, de crônicas ou de variedades. Meu interesse principal neste jornal é analisar seu discurso a respeito do sofrimento social e como imagens de vítimas de desastres naturais, conflitos políticos, da fome, de epidemias, de doenças de todos os tipos, de crimes bárbaros ou menores, de abusos domésticos e de privações profundas que estão presentes em toda a mídia são apropriadas com o objetivo de apelar, emocional e moralmente, tanto a platéias globais quanto a populações locais. Essas imagens são comercializadas e incorporadas ao